Em 2022, o Avaí tomou o rumo do saneamento financeiro. Em 2023, contudo, acende uma luz de advertência.

Embora de certa forma subestimado por boa parte da torcida, o saneamento financeiro, muito provavelmente, é o compromisso mais importante para o futuro do Avaí. A título de exemplo, lembramos que alguns clubes de dimensão parecida, como o Paraná Clube e o nosso arquirrival, negligenciaram este aspecto e pagaram um preço altíssimo por isso. Uma hora, a conta da farra financeira sempre vem.

Ao menos até o final de 2022, avaliamos positivamente as ações da atual gestão nessa área em particular. A diretoria reconheceu o compromisso com o pagamento das dívidas, em especial com salários atrasados, como prioridade na alocação dos recursos financeiros assim que assumiu o clube. O prejuízo do ano de 2021 havia sido extremamente danoso para a estrutura financeira do Avaí e colocou em risco o futuro do clube, de modo que foi necessário reduzir o gasto, em especial no futebol profissional, para o pagamento de dívidas. A manutenção dos salários em dia, aliado ao pagamento de montante relevante de dívidas antigas – segundo o Presidente, mais de R$ 20.000.000,00 (vinte milhões de reais) – , permite concluir que as ações desenvolvidas colocaram o clube na direção do saneamento financeiro. 

Em 2023, porém, há certa dúvida quanto à manutenção do caminho da responsabilidade financeira.

Logicamente, o saneamento financeiro do clube demanda cuidado constante. Por isso, em cada temporada, toda e qualquer diretoria enfrentará um desafio.

No que se refere a 2023, os dados econômicos referentes ao primeiro semestre já estão disponíveis no site do clube – embora publicados com atraso. Ainda que não sejamos capazes de afirmar com definitividade se teremos ou não uma gestão responsável de recursos ao fim desta temporada, pensamos que, com base no que foi apurado até então, é de se acender uma luz amarela, de advertência.

O orçamento para o ano, aprovado em dezembro de 2022, já previa um déficit para 2023, mas o primeiro semestre apresentou custos ainda maiores que os previstos. As receitas superaram as previsões orçamentárias em 12% (algo positivo), enquanto os custos foram 14% maiores (algo preocupante). Isso implica que o déficit previsto de R$ 9,6 milhões foi realizado, até o momento, em aproximadamente R$ 11 milhões. Os recursos provenientes da liga devem ser utilizados para suprir essa necessidade, mas é crucial que o clube ajuste sua trajetória financeira, retomando o caminho de quitação de dívidas e redução de despesas.

As elevadas despesas noticiadas, o grande número de atletas contratados no atual ano, muitos deles de forma tardia e urgente, e também a iniciativa da gestão de buscar a autorização para o adiantamento de valores relativos à Liga Forte Futebol, sugerem o dispêndio excessivo de recursos, o que, se confirmado ao final da temporada, poderá ensejar uma situação grave, especialmente se considerarmos que a maior bandeira desta administração tem sido a austeridade financeira e que os gastos não resultaram em bons frutos em campo. Esperamos que, ao final do atual exercício, não tenhamos surpresas desagradáveis em relação à saúde financeira do Avaí.

(A essência deste texto é um recorte do Promessômetro, publicação em que avaliamos a conformidade da gestão com os compromissos que firmou à época das eleições. Sugerimos a leitura do documento na íntegra).

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