PROMESSÔMETRO NOSSO AVAÍ – Atualização 2023

Desde a posse da atual diretoria, o Movimento Nosso Avaí segue observando suas ações, a fim de garantir que as promessas de campanha, firmadas em uma carta de compromisso, saiam do papel.

Para facilitar a avaliação do trabalho dos dirigentes, nos propomos a sistematizar a lista de compromissos e, periodicamente, atualizar seu status de implementação, levando em conta, sempre de forma honesta e independente, as ações levadas a efeito. Com isso em mente, em 2022, lançamos o PROMESSÔMETRO.

Relembramos que, desde o início do Movimento, nunca nos propusemos a avaliar o desempenho imediato do time nos torneios da temporada, mas sim as ações administrativas e financeiras que, em nosso entendimento, poderão, no longo prazo, dar melhores condições ao clube para conquistar seus objetivos.

Graduamos as ações da diretoria de acordo com a seguinte classificação:

✅ Promessa cumprida
🙂 No caminho certo
⏱️ Depende de mais tempo
⚠️Precisa de mais atenção!
🙁 No caminho errado/promessa descumprida

1. REAPROXIMAÇÃO COM O TORCEDOR

Adoção de melhores práticas de gestão, em oposição às anteriores, inclusive com a exposição pública de eventuais prejuízos experimentados pelo clube durante os últimos anos. Acreditamos que esse é o ponto de partida para reconquistar a confiança do torcedor e despertar sua compreensão e tolerância com a eventual austeridade dos próximos anos.

🙁 Passados quase dois anos de gestão, a maioria das mudanças prometidas não saiu do papel: A atual gestão assumiu um papel oposicionista em relação ao ex-Presidente, então candidato à reeleição, e elegeu-se com um discurso focado na mudança. Firmou o compromisso de alterar radicalmente muitas das práticas até então adotadas no clube. E foi com essas promessas que recebeu mais de metade dos votos dos avaianos, inclusive os nossos. Diante disso, era de se esperar que a tônica de sua administração fosse a mudança.

No entanto, após a passagem de quase metade do mandato, constatamos que os movimentos de mudança foram tímidos. 

Não podemos negar que, no primeiro ano de mandato, a gestão financeira foi mais responsável que a do antecessor. O Avaí caminhava a passos largos para a insolvência, acumulando prejuízos de dezenas de milhões – o que, fatalmente, logo o levaria a uma situação semelhante à do arquirrival -, e a atual gestão, de cara, promoveu algumas medidas para desacelerar esse problema, por meio de um relativo controle de gastos, da busca de novos recursos, do processo de Recuperação Judicial e da negociação com a Liga Forte Futebol. Além disso, implementou novas diretrizes em alguns setores. 

Contudo, ainda que reconheçamos esses esforços, isso é pouco para quem prometeu transformar o clube. O Avaí, infelizmente, continua longe do profissionalismo desejado. Continua sendo o clube que, por exemplo, tem suas informações internas constantemente vazadas para a imprensa; destina seu centro de treinamento a um torneio infantil em plena pré-temporada, prejudicando a preparação do elenco profissional; tem seus bares explorados de uma forma nebulosa e pouco satisfatória; pela gestão equivocada de seus portões e catracas, não raro submete o associado a filas e outros transtornos quando do acesso ao estádio; promete ações por ocasião de seu Centenário, mas não as cumpre adequadamente; permite a utilização da cerimônia de comemoração do Centenário como plataforma de dado partido político; isso tudo sem maiores explicações ou a responsabilização de quem quer que seja. Permanece, também, sem consistência nas ações de transparência e na política de contratação de atletas, que dependem do sentimento pessoal do diretor da vez, sem uma diretriz bem definida.

A parte das finanças, provavelmente a mais importante das bandeiras da atual gestão, também passou a gerar preocupações em 2023. O aumento das despesas que se viu nas demonstrações periódicas publicadas até aqui, somado à manifestada intenção de adiantar certas receitas para fazer frente a obrigações, faz acender uma luz amarela – como veremos melhor em tópico próprio.

O Presidente Júlio Heerdt, ao longo desses dois anos, trouxe à tona alguns dos absurdos ocorridos no clube antes de sua gestão, que levaram o Avaí a uma situação periclitante, mas, ao mesmo tempo, paradoxalmente, se cercou de muitas das mesmas pessoas que eram responsáveis por setores primordiais do clube naquela época. Também ofertou mensagens contraditórias ao promover, por repetidas vezes, homenagens públicas a protagonistas daquela gestão – cujos membros e simpatizantes, ironicamente, o achincalharam em variadas oportunidades.

Obviamente, o anseio por mudança não se confunde com um sentimento de terra arrasada ou desejo de afastar todo o corpo de colaboradores do clube. Não se trata disso. Olhando de fora, sequer há como se realizar uma avaliação precisa a respeito de tal questão, que compete aos gestores. Mas é claro que, ao se eleger diagnosticando problemas e prometendo mudanças drásticas, a gestão tinha o dever de promovê-las, nem que fosse reformando a cultura organizacional vigente – o que, entretanto, não parece ter ocorrido. 

Nos últimos anos, o Avaí foi atropelado por outros clubes médios do cenário nacional no quesito profissionalismo. Ficamos estagnados. Ainda vige no clube um sentimento de “clube familiar”, não compatível com o sucesso esportivo que pretendemos. Daí a urgência em se promover essa transformação, sob pena de perder o patamar conquistado a duras penas desde 1998.

Entendemos a dificuldade em se promover mudanças “com o carro andando”, principalmente quando os resultados em campo vão mal e a pressão é grande. Bem sabemos que há um certo número de pessoas, nos mais variados setores, que, por terem privilégios ou projetos pessoais em torno do Avaí, se sentem ameaçadas por essas reformas e se aproveitam dos momentos de fragilidade para minar os esforços nesse sentido. Ainda assim, reforçamos que o desejo de mudança foi o que levou os atuais mandatários ao comando do Avaí e que, portanto, a transformação do Avaí deveria ser a meta de seus dirigentes, ainda que sob o esperneio de detratores. Também entendemos que a demora para essas mudanças, de certa forma, impede a melhoria dos processos internos do clube e contribui para a não obtenção de seus objetivos, inclusive esportivos.

Se, antes, parecia-nos pouco razoável cobrar mudanças drásticas em curto espaço de tempo, agora, com o transcurso de quase dois anos, pensamos que faltou à Diretoria maiores esforços nesse sentido. É de se questionar se, de fato, pretendem realizá-las ou se essas promessas não passaram de meras plataformas eleitorais.

Ao expor essa nossa crítica geral à Diretoria, fomos informados, em suma, de que ela comunga do mesmo desejo de mudança e tem promovido o aperfeiçoamento gradual dos processos do clube, na medida do possível, considerando, principalmente, as limitações financeiras enfrentadas.

Reformulação dos departamentos de comunicação e marketing.

Resgate da identidade do Avaí com o torcedor e a comunidade.

🙂É cedo para avaliar resultados nessa área, mas houve boas iniciativas para o resgate da identidade comunitária do Avaí. Pensamos que o verdadeiro resgate da identidade do Avaí com o torcedor e a comunidade florianopolitana e catarinense só ocorrerá com a adoção consistente de medidas nesse sentido ao longo dos anos. Por isso, a aferição do sucesso ou insucesso da gestão na busca desse objetivo depende de mais tempo. Não se pode negar, ademais, que os fracassos em campo multiplicam os desafios nessa árdua tarefa. De todo modo, entendemos que os esforços empreendidos até aqui, visitados em outros itens deste documento, aliados à repetida abordagem da nossa cultura em variadas peças de comunicação e marketing do clube, caminham em um sentido satisfatório. 

Ressaltamos, ainda, os esforços do clube para se reaproximar da comunidade local, em especial do bairro onde está sediado, por meio de iniciativas como as aulas de zumba e recepção de eventos da comunidade. Algumas iniciativas adotadas por ocasião do Centenário, como exposições e eventos esportivos, também são positivas e, a nosso ver, contribuíram para essa melhora. Seria oportuno que continuassem.

Completa revisão do relacionamento com o torcedor, com a adoção de práticas de mercado, abandonando o modelo atual, que apela quase que exclusivamente à paixão dos adeptos

🙁 Sem um mínimo de resultados de campo, é praticamente inviável falar sobre relacionamento com o torcedor: É verdade que a atual gestão promoveu algumas iniciativas promissoras para o estreitamento da relação com o torcedor, mencionadas em tópicos oportunos. No entanto, deve-se reconhecer que quaisquer esforços para a sedimentação da relação entre clube e torcida serão insuficientes se o clube não alcançar, minimamente, alguns resultados positivos em campo. Com praticamente dois anos inteiros de insucessos esportivos, vimos o esfacelamento do respeito de parte dos torcedores e da imprensa para com o clube, bem como a piora substancial da atmosfera dos jogos no estádio. É claro que a direção, a exemplo de qualquer outra, trabalha incessantemente com o objetivo de obter êxitos esportivos, mas é oportuno anotar que, até que os obtenha, dificilmente avançará no relacionamento com o torcedor.

🙂Listamos algumas medidas positivas para o relacionamento entre clube e torcedor: a anistia de dívidas passadas de associados, a viabilização de carteirinha e ingresso virtuais para o acesso ao estádio, o patrocínio para viagem de torcedores a outra unidade da Federação, a criação de um setor dedicado exclusivamente ao relacionamento com o torcedor, o emprego de tecnologia para estreitar a comunicação, facilitar a associação, os pagamentos e outros serviços, e, mais recentemente, a aderência à campanha “Um por todos, todos por um”. Aliás, o quadro associativo do Avaí, ao contrário do que era esperado, não sofreu grande queda, o que, de certa forma, contrasta com o péssimo cenário esportivo. Segundo a Diretoria, o clube permanece com quase 10.000 sócios.

🙁 Plano de sócios sem grandes novidades: Não houve, até o presente momento, a estruturação de um plano de sócios mais inteligente e robusto, capaz de trazer vantagens e inovações ao quadro associativo do clube. Em dois anos, era de se esperar uma melhoria desse aspecto. Acreditamos que o Avaí pode explorar melhor a relação com sua “clientela”, com o oferecimento de novas vantagens e a abrangência de diferentes perfis, como torcedores de fora da cidade, núcleos familiares, público feminino, infantil etc. Anotamos que o clube descontinuou a modalidade “Nação Avaiana”, que, de baixo custo, destinava-se a torcedores interessados em descontos para a compra de ingressos, mas não esclareceu as razões e tampouco apresentou iniciativa que pudesse substituí-la.

⚠️O acesso ao ingresso foi facilitado, mas isso faz parte de um planejamento ou é apenas circunstancial? Em 2022, não vimos com bons olhos a precificação de ingressos adotada para o Campeonato Brasileiro da Série A. Em 2023, jogando a Série B, não houve a repetição do mesmo problema, mas, pelo contrário, a facilitação do acesso do torcedor ao estádio, inclusive com promoções reiteradas. Não é possível afirmar, contudo, se isso é fruto de uma política de relacionamento com o torcedor ou meramente circunstancial, em decorrência do pouco apelo do torneio e da péssima fase em campo.

Ações de relacionamento com a comunidade em geral.

🙂Coordenação de relacionamento com o torcedor: A criação de um cargo para a coordenação de relacionamento com o torcedor – espécie de ouvidoria ativa do clube, tanto presencial quanto nas redes sociais -, atualmente ocupado por Kátia de Paula, se mostrou uma medida acertada com o objetivo de aproximar o clube aos anseios e demandas dos associados e torcedores em geral, em especial nos setores de atendimento e acomodações da Ressacada. É de se destacar, também, a adequação da referida profissional ao referido cargo, dada sua identificação com a instituição, aptidão para o atendimento do público e a proatividade para a resolução dos problemas submetidos à coordenação. Justamente por julgarmos acertada a criação dessa coordenação e reconhecermos a sua importância para o relacionamento do clube com o torcedor, nos preocupamos com sua continuidade no longo prazo, para além da permanência da aludida pessoa na função. Diante disso, consideramos importante a institucionalização das atribuições de tal cargo, sugerindo-se, inclusive, a criação de um perfil oficial a ser administrado pela respectiva coordenação.

2. TRANSPARÊNCIA

Revisão dos contratos de bares e ambulantes, visando à realização de acordos mais benéficos ao Avaí e ao oferecimento de melhores serviços aos seus torcedores.

🙁 Os serviços prestados no estádio continuam praticamente iguais: Transcorreram quase dois anos desde a posse da gestão, praticamente a metade do mandato, mas a questão dos serviços oferecidos no interior do estádio permanece pouco alterada e nada esclarecida. A Diretoria Executiva, em reuniões, assinalou que há um projeto para a reformulação dos bares internos do estádio até o fim de 2023, mas até o momento, faltando pouco para o término da temporada, não divulgou nada concreto em tal sentido.

Não se sabe, ao menos entre o público em geral, que espécie de contrato vige entre o clube e esses serviços. Dada a escassez de informações e a forma velada com que a questão é tratada há décadas, não seria surpresa se essas relações talvez não fossem sequer reguladas por instrumentos contratuais formais, vigendo apenas sob os ditames de um acordo de “fio do bigode”, de forma amadora – o que seria inconcebível, principalmente se considerarmos o valor de mercado do Avaí e a importância dessa relação comercial. 

Nesse cenário, não é possível afirmar, e nem mesmo supor, se essas relações maximizam, de fato, o retorno financeiro do clube. O que é possível constatar é que o oferecimento de serviços é débil aos olhos do consumidor final, especialmente em razão da pouca variedade e qualidade dos produtos e das intermináveis filas para atendimento. São constantes no meio da torcida as reclamações nesse sentido. Ademais, basta visitar outras praças esportivas mais modernas ao redor do país para se constatar a inferioridade desse aspecto na Ressacada.

Houve, a bem da verdade, a implantação de caixas para a aquisição de fichas, com o propósito de organizar minimamente a aquisição de produtos e aumentar o controle do clube sobre as receitas, mas esse pequeno passo, além de não ter representado grande melhoria na experiência do torcedor, não é suficiente para cumprir satisfatoriamente a promessa de transformação do modelo de serviços oferecidos no estádio.

Por que, afinal, é tão difícil promover a melhoria dos serviços na Ressacada?

🙂A ampliação do atendimento da Avaí Store: O funcionamento da loja oficial do clube no período pós-jogo e também em eventos realizados no estádio representou outra boa iniciativa para o atendimento ao torcedor e melhoria dos serviços.

⚠️Ideias legais, mas descontinuadas: Em 2022, destacamos, como uma boa ideia, a implantação de uma Fan Fest na área externa do estádio para alguns jogos do Campeonato Brasileiro. O projeto carecia de adaptações, melhorias e continuidade, mas representou uma pequena evolução do match day e experiência dos torcedores. Com o rebaixamento à Série B e a queda de receitas, o projeto, ao que parece, foi totalmente esquecido. Nada se sabe a respeito da sustentabilidade desse empreendimento, mas pensamos que cabe à gestão promover outras iniciativas para a melhoria da experiência dos frequentadores do estádio. O mesmo se diga em relação à abertura de um ponto de vendas da Avaí Store no Setor D e ao setor Rooftop, outras iniciativas que pareciam promissoras, mas não tiveram continuidade.

Revisão e publicação (excetuados pontos sensíveis) de contratos de parceria, em especial aqueles referentes às categorias de base (Avaí Mirim e outros).

Quanto às finanças, compromisso em implementar um “Portal da Transparência” inspirado em modelos de sucesso em outros clubes, como Paysandu, Guarani, Bahia, Grêmio etc.

🙁 Após dois anos, não houve a criação de Portal da Transparência e tampouco publicação de contratos: A diretoria sinalizou, por mais de uma vez, a intenção de implantar um novo “Portal da Transparência” a ser desenvolvido pelo clube. No entanto, apesar do transcurso de dois anos e da implementação de um novo site, não houve, até o momento, a criação de um centro de divulgação de informações de interesse da torcida, associados e observadores em geral. Ao contrário do que um raciocínio simplista poderia sugerir, é evidente que o dever de “transparência” não impõe ao clube que divulgue todo e qualquer contrato firmado, já que algumas informações são sensíveis e/ou estratégicas, mas, no que for possível, é interessante que haja essa disponibilização, para a criação de um ambiente de confiança com torcedores, associados e a comunidade em geral, além do combate à difamação.

Em resposta às nossas considerações, a Diretoria afirmou que alguns ajustes nos processos do setor de Contabilidade, inclusive sob a recomendação do Conselho Fiscal, acabaram por atrasar a implementação de um Portal da Transparência, mas que a providência segue sendo um compromisso da gestão para o curto prazo.

🙁 As demonstrações contábeis do primeiro e segundo trimestre de 2023 foram publicadas com atraso: Isto denota que não há, ainda, o cumprimento fiel do estabelecido no inciso XXIII do artigo 57 do Estatuto, na sua versão revisada em 2021. Os demonstrativos são o canal para comunicar com torcedores(as), conselheiros(as) e demais partes interessadas no desempenho econômico-financeiro do clube. Destaca-se que o processo de recuperação judicial, as pendências apontadas pela auditoria externa, além das demandas urgentes do dia a dia demandam bastante dos setores responsáveis, mas o requisito estatutário deve ser cumprido de acordo com o estabelecido. 

⚠️Falta consistência nas ações de transparência: Em alguns momentos, o Avaí parece muito preocupado com a divulgação de informações. Na venda de alguns jogadores, por exemplo, fez questão de cláusulas contratuais que a permitissem e veio a público para divulgar seus detalhes. Noutros momentos, porém, parece desinteressado. Em alguns casos, prestou informações incompletas, ou manteve-se inerte, para depois, ironicamente, essas informações virem à tona informalmente, via canais alternativos, por um ou outro membro da Diretoria. É claro que algumas informações de caráter sensível ou estratégico podem permanecer sigilosas, sem que isso gere lesão ao dever de transparência. Mas pensamos que deve haver uma lógica, uma consistência institucional, e que essa política não pode ficar à mercê da mentalidade do diretor da vez ou da fase em campo. Além disso, nos casos em que o clube compreender que a divulgação de uma informação é prejudicial aos seus interesses – o que é plenamente legítimo -, não custa exteriorizar e justificar sua decisão.

Implantação do balanço social periodicamente publicado no site do clube

⏱️Implementar o Balanço Social seria bacana, mas não é prioritário: O Balanço Social tem como objetivo contemplar informações de cunho socioambiental, em conjunto com elementos econômicos, e comunicar de forma unificada as ações do clube durante determinado período bem como ações futuras que estão em fase de planejamento. A publicação deste documento demanda tempo para sua implementação, à medida que as dificuldades financeiras e esportivas do clube se sobrepõem e são resolvidas em caráter urgente. Entretanto, com a resolução destas demandas urgentes de caráter financeiro e organização dos controles internos do clube, espera-se que tenhamos relatórios iniciais com informações de cunho socioambiental. 

Diálogo aberto e transparente não só com o Conselho Deliberativo, como também com os sócios e torcedores em geral

🙂Diálogo há: Acreditamos que, neste aspecto, não há como se apontar dedos à Diretoria. Mesmo com o peso do insucesso esportivo, o Presidente tem comparecido frequentemente a reuniões do Conselho Deliberativo e às mais variadas mídias, mostrando-se invariavelmente aberto ao diálogo e, é bom que se diga, sem jamais procurar terceirizar responsabilidades ou demonizar o torcedor. Aliás, é até mesmo surpreendente a disposição do Presidente e outros dirigentes em darem atenção até mesmo a integrantes da mídia que abertamente os hostilizam. Mostram, assim, comprometimento com o torcedor.

3. MODELO DE GOVERNANÇA

Rompimento completo com a cultura organizacional antiga do clube e instituir um ambiente de excelência focado no resultado e na satisfação do torcedor. Avaliação minuciosa do trabalho dos atuais gestores administrativos visando modernizar processos e, se necessário, a substituição por profissionais do mercado

⚠️Não temos como avaliar o desempenho de cada gestor no dia a dia, mas notamos que não houve mudanças profundas: Como não estamos no dia a dia do clube, participando da gestão de recursos humanos, nos parece difícil tecer, com justiça, uma avaliação pormenorizada do desempenho de cada um dos gestores, exceção feita às repercussões externas de cada um dos departamentos – algumas delas abordadas no decorrer deste documento. Não podemos deixar de notar, contudo, que a base administrativa deixada pelo antecessor da atual Presidência, que em muitos aspectos foi objeto de críticas, permanece praticamente inalterada no clube, o que contrasta com o discurso de mudança e transformação, tão presente à época de campanha. Remetemos o leitor ao tópico inaugural deste documento, que trata da timidez das mudanças operadas no clube.

Respeito aos limites orçamentários definidos e compromisso com o saneamento financeiro do clube

🙂Em 2022, o Avaí tomou o rumo do saneamento financeiro: Embora de certa forma subestimado por boa parte da torcida, este, muito provavelmente, é o compromisso mais importante para o futuro do Avaí. A título de exemplo, lembramos que alguns clubes de dimensão parecida, como o Paraná Clube e o nosso arquirrival, negligenciaram este aspecto e pagaram um preço altíssimo por isso. Ao menos até o final de 2022 – período abarcado pela última demonstração anual de contas -, avaliamos positivamente as ações da atual gestão nessa área em particular. A diretoria reconheceu o compromisso com o pagamento das dívidas, em especial com salários atrasados, como prioridade na alocação dos recursos financeiros assim que assumiu o clube. O prejuízo do ano de 2021 foi extremamente danoso para a estrutura financeira do Avaí e colocou em risco o futuro do clube, de modo que foi necessário reduzir o gasto, em especial no futebol profissional, para o pagamento de dívidas. A manutenção dos salários em dia até o momento, aliado ao pagamento de montante relevante de dívidas antigas – segundo o Presidente, mais de R$ 20.000.000,00 (vinte milhões de reais) – , permite concluir que as ações desenvolvidas colocaram o clube na direção do saneamento financeiro. 

⚠️Em 2023, há certa dúvida quanto à manutenção do caminho do saneamento financeiro: Logicamente, o saneamento financeiro do clube demanda cuidado constante. Por isso, em cada temporada a diretoria enfrentará um desafio. No que se refere a 2023, os dados econômicos referentes ao primeiro semestre já estão disponíveis no site do clube – embora publicados com atraso.

Ainda que não sejamos capazes de afirmar com definitividade se teremos ou não uma gestão responsável de recursos também nesta temporada, pensamos que, com base no que foi apurado até então, é de se acender uma luz amarela, de advertência. O orçamento para o ano, aprovado em dezembro de 2022, já previa um déficit para o ano de 2023, mas o primeiro semestre apresentou custos ainda maiores que os previstos. As receitas superaram as previsões orçamentárias em 12% (algo positivo), enquanto os custos foram 14% maiores (algo preocupante). Isso implica que o déficit previsto de R$ 9,6 milhões foi realizado, até o momento, em aproximadamente R$ 11 milhões. Os recursos provenientes da Liga devem ser utilizados para suprir essa necessidade, mas é crucial que o clube ajuste sua trajetória financeira, retomando o caminho de quitação de dívidas e redução de despesas.

As elevadas despesas noticiadas, o grande número de atletas contratados no atual ano, muitos deles de forma tardia e urgente, e também a iniciativa da gestão de buscar a autorização para o adiantamento de valores relativos à Liga Forte Futebol, sugerem o dispêndio excessivo de recursos, o que, se confirmado ao final da temporada, poderá ensejar uma situação grave, especialmente se considerarmos que a maior bandeira desta administração tem sido a austeridade financeira e que os gastos não resultaram em bons frutos em campo. Esperamos que, ao final do atual exercício, não tenhamos surpresas desagradáveis em relação à saúde financeira do Avaí.

Criação de um plano de cargos e salários dos colaboradores do clube e processos de avaliação de desempenho.

⏱️A criação de plano de cargos e salários e de processos de avaliação de desempenho não é prioritária a curto prazo: Este ponto, ainda pendente de implementação, era aguardado para o final de 2023, mas não se encontra no topo das prioridades de curto prazo, especialmente se considerarmos os desafios enfrentados ao longo desse biênio.

Revisar o organograma do clube, de forma que as atribuições sejam claras e que garantam a comunicação entre departamentos.

🙂Reforma do organograma: Houve, na segunda metade do mês de setembro de 2022, a publicação de um novo organograma do clube no site oficial.

⚠️Demora para a publicação e atualização do organograma: A medida, embora levada a efeito, demorou bastante para ser posta em prática. Devido à sua recenticidade, ainda não tivemos condições para avaliar a nova estrutura e sua adequação aos desafios do clube, motivo pelo qual reservamos essa análise para momento posterior. Podemos anotar, contudo, que, infelizmente, a imprecisão das informações no organograma divulgado ao público, principalmente diante das mudanças que ocorrem periodicamente no corpo de diretores, não é exceção, mas verdadeira regra no Avaí. 

Publicação do Plano de Ação Anual

⚠️Atualmente, o plano de ação anual tem pouca aplicação prática: O plano de Ação Anual é requisito estatutário que contempla o planejamento e metas para os 12 meses que o sucedem. Seu propósito é dar ao Conselho Deliberativo e torcida um melhor entendimento do planejamento do clube para o período. Em 2022, sua apresentação foi intempestiva – ocorreu em setembro, na reta final da temporada. Em 2023, houve a sua apresentação ao Conselho Deliberativo, embora, injustificadamente, não tenha sido disponibilizado ao público em geral. Quanto à sua aplicação prática, tem-se a impressão de que o documento tem sido encarado como uma mera formalidade pela gestão. Depois de apresentado, parece não ser usado de referência. Seu formato é pouco amigável e seu conteúdo não parece ser realista. Teoricamente, poderia ser importante peça no planejamento e no cumprimento de objetivos, mas, nas atuais condições, não se mostra aplicável no ponto de vista prático.

4. GESTÃO TÉCNICA NO FUTEBOL

Aumento de orçamento do NIF, com reformulação da estrutura e assinatura completa de ferramentas como Wyscout ou similar. Concessão ao Núcleo de Inteligência de protagonismo na tomada de decisões envolvendo o departamento de futebol, principalmente nas questões referentes ao mercado de atletas.

Reestruturação do departamento, com sua ampliação, além da definição de funções e processos de contratação e trabalho. Criação e implementação de um planejamento específico para o futebol do Avaí, com metas de curto, médio e longo prazo.

Adoção de modelo de elenco sustentável, com utilização de atletas da base e jogadores com potencial de retorno técnico e financeiro.

🙁 O futebol é, seguramente, o ponto mais fraco da atual administração: Não ignoramos que a gestão promoveu algumas medidas positivas para a estruturação do Departamento de Futebol Profissional, que serão abordadas em outros tópicos. Contudo, e ainda que não nos apeguemos a resultados esportivos de curto prazo para avaliar todo esse trabalho de reestruturação, listamos, em um texto recente, fatores essencialmente objetivos que colocaram em xeque o funcionamento desse setor: a coleção de resultados ruins ao longo de dois anos, considerável período de tempo, inclusive em competições nas quais entramos com orçamentos competitivos; a inconsistência na escolha de profissionais e até mesmo tolerância com a improvisação em cadeiras fundamentais da gestão do futebol; a contratação de um número exacerbado de jogadores, sem retorno técnico. Como frisamos anteriormente, sem um mínimo de resultados no futebol, carro-chefe do clube, fica muito difícil discutir outros temas importantes ao aperfeiçoamento da instituição – ainda que, em última instância, também sejam essenciais à obtenção de mais recursos e melhores resultados no longo prazo. Assim, pedindo licença para dizer o óbvio, trazer resultados ao clube nas competições que disputa deve ser prioridade para seus diretores.

🙂Apesar dos resultados ruins, o Departamento de Futebol dispõe de uma estrutura de trabalho melhor do que antes: A criação do Departamento de Mercado, com disponibilização de softwares, utilização de Big Data e criação de processos, somada à implementação de um Núcleo de Saúde e Performance, com a aquisição de novos equipamentos para o mapeamento de atividades e prevenção e tratamento de lesões, entrega aos profissionais da área melhores condições de trabalho. Em que pese o insucesso recente no futebol, esperamos que esses pequenos passos resultem em maiores êxitos no futuro.

5. INOVAÇÃO

Busca de novas tecnologias para trazer ao clube práticas modernas, que conectem o torcedor, atraiam novos seguidores e alavanquem receitas.

⏱️O uso da tecnologia, até o momento, é modesto, mas precisa de mais tempo: É evidente que, em meio ao turbilhão administrativo e financeiro em que encontrado o clube, a Diretoria não dispôs de tempo e recursos suficientes para atender devidamente esta demanda. Nesse contexto, achamos oportuno aguardar mais tempo para avaliar seu desempenho na área de inovação. Ainda assim, como medida positiva nesta área, destacamos a criação de um Departamento de Inovação, o incremento do aplicativo virtual do clube, inclusive para permitir a utilização de carteirinhas virtuais, e a estruturação do “Fanconnect”, ferramenta de comunicação institucional com o associado e conselheiro.