Questionamentos à Diretoria Executiva sobre o Departamento de Futebol

O Movimento Nosso Avai nunca se propôs a avaliar e criticar cada uma das contratações do clube. Cada um de nós, torcedores, tem uma forma de enxergar o jogo de futebol, suas preferências e cornetadas no que diz respeito aos contratados. Por esse motivo, seria impraticável, e pouco saudável, que um coletivo de torcedores tivesse voz nas contratações e quisesse substituir a avaliação do Departamento de Futebol. Da mesma forma, o Movimento Nosso Avaí nunca se propôs a cornetar atuações ou cobrar resultados de campo imediatos. Não porque estamos satisfeitos ou achamos os resultados irrelevantes, mas porque nossa atuação sempre esteve mais ligada à proposição de medidas estruturais, de longo prazo, principalmente em relação ao Estatuto e às finanças, que, entendemos, deixarão o clube em melhores condições de conseguir resultados no futuro.

Nossas manifestações quanto ao Departamento de Futebol propriamente dito, desde a nossa fundação, limitaram-se a um texto sobre a nossa visão de como, teoricamente, deveria se pautar o processo de contratação, e à cobrança de propostas de campanha da atual Diretoria de melhor estruturação do órgão em questão.

Em que pesem essas considerações, alguns fatores recentes, essencialmente objetivos, colocaram em xeque a atual estrutura do Departamento de Futebol, e recomendam a formulação de questionamentos sobre as escolhas do clube nessa área.

(1) No último ano e meio, o Avaí não alcançou nenhum de seus objetivos em campo. Embora desconsideremos, nessa análise, a chamada Recopa Catarinense 2022, por se tratar de um jogo único, em início de temporada, disputado após uma semana de gestão, e relativizemos o rebaixamento na Série A 2022, já que nosso destoante orçamento tornava estatisticamente improvável uma permanência, o desempenho ruim em duas edições do Campeonato Catarinense, Copa do Brasil e, até o momento, na Série B 2023, competições em que entramos com orçamentos competitivos, liga um grande sinal de alerta. A coleção de resultados ruins ao longo de considerável período de tempo não prova, por si só, o erro da estrutura do Departamento de Futebol, mas é, sem dúvida, um grande indicativo;

(2) O Avaí iniciou 2022 com um projeto de longo prazo em torno do diretor William Thomas, que vimos com bons olhos. Contudo, a saída precoce do profissional para o Internacional foi seguida pelas contratações de Jorge Macedo e, depois, em 2023, André Martins, profissionais com perfis, históricos e filosofias completamente diferentes, entremeadas por um período relevante de vacância na posição, justamente em época essencial para o planejamento da temporada seguinte (tratamos disso em texto anterior). Quanto a treinador, o Avaí apostou em Claudinei Oliveira, Eduardo Barroca, Lisca e Alex, também profissionais com perfis completamente distintos, e, vale anotar, permaneceu com técnico interino por grandes períodos (salvo melhor juízo, em 9 partidas, alto percentual dos jogos do Avaí nesse ano e meio). Esse cenário demonstra inconsistência, ausência de um norte, e até mesmo tolerância com a improvisação em cadeiras fundamentais da gestão do futebol;

(3) O Avaí contratou um número elevado de jogadores, mas a grande maioria não serviu. Ainda que não pretendamos avaliar subjetivamente a qualidade de cada contratado, é impactante notar que em 2023 foram feitas 22 contratações, o suficiente (em número) para dois times, mas aproximadamente metade do time titular, nos últimos jogos, é formada por jogadores remanescentes de 2022 (de elenco que já era questionado e não atingiu seus objetivos). Também invocamos como exemplo desse desperdício de recursos o gasto de fichas na contratação de três goleiros em uma mesma temporada (que se somaram a dois que já estavam no elenco profissional). Esse cenário de contratações pouco úteis também foi visto em 2022, especialmente no segundo semestre (outro aspecto tratado por nós em manifestação anterior). Isso se agrava se considerarmos que o Avaí está em uma situação financeira frágil. A situação demandava contratações poucas, mas certeiras, e vimos o exato oposto.

Nesse contexto, para esclarecer as responsabilidades e o processo de contratação do Departamento de Futebol do clube, enviamos à Diretoria os seguintes questionamentos, cujas respostas serão publicadas assim que recebidas:

  1. Como se dá, em resumo, o processo de contratação de atletas pelo Avaí Futebol Clube?
  2. Algo de tal processo foi fruto de inovações da atual Diretoria?
  3. Quais especificamente são as responsabilidades de cada diretor no processo de contratação de atletas?
  4. Qual o perfil e histórico desejado para o cargo de Diretor do Departamento de Futebol? O mesmo perfil foi perseguido com a contratação de William Thomas, Jorge Macedo e André Martins?
  5. O Presidente e o Vice-Presidente do Avaí Futebol Clube têm participação direta na tomada de decisões de contratações do futebol?
  6. Todas as contratações seguem o mesmo processo interno ou cada uma pode se originar de uma indicação e processo diferentes?
  7. No processo de contratação, é considerado o orçamento disponível? Que órgão ou profissional garante a adequação das contratações às condições financeiras do clube?
  8. Hoje, no Avaí Futebol Clube, há preferência ou limitação para a contratação de jogadores representados por empresários determinados?
  9. Quanto aos treinadores, quem decide por suas demissões e contratações?
  10. A contratação de técnicos e a formação de elenco foram realizadas com o propósito de levar para o campo alguma filosofia de jogo específica, pré-determinada pela Diretoria? Se sim, qual?
  11. Por que o clube permaneceu com o cargo de Diretor de Futebol vacante no fim de 2022?
  12. Sabedor da possibilidade sempre iminente de uma troca de técnico e tendo passado por isso duas vezes em 2022, o clube não cogitou a contratação de um profissional para funcionar como auxiliar “fixo”?
  13. Como a Diretoria Executiva avalia o trabalho do Departamento de Futebol em 2023?
  14. Estão sendo estudadas mudanças nos processos de contratação e na composição do Departamento de Futebol?
  15. O que esperar do clube na próxima janela de transferências? Ainda há orçamento disponível para reforços?

Certos de que os ilustres destinatários ouvirão sua torcida, agradecemos-lhes, desde já, pela atenção dispensada e pelos esforços empreendidos para prestar informações de interesse de todos os avaianos.

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